O dia em que o Delboni parou.

Já fez exame de cocô no Delboni?? Imperdível.

Primeiro você passa pela recepção com aquele embrulhinho-só-para-sádicos e pergunta onde é o setor de entrega de amostras. A recepcionista vai te perguntar amostra de quê. Você mostra a receita do médico e ela repete alto: “Ah, fezes! É só tirar a senha ali na maquininha”. A esta altura as pessoas que vão tirar senha atrás de você retiram o papelzinho com a mão dentro da manga.

Então fica você e seu embrulhinho sentados em outra sala esperando o painel chamar seu número. Todos foram se sentar bem longe de você - até aquela tia catarrenta que está lá para saber se tem ebola foi sentar-se do outro lado do laboratório (aparentemente é pior ter fezes na mão do que ebola no organismo).

Então o painel te chama. Você e seu embrulhinho correm para a baia de mais uma atendente. Ela te pergunta o que você faz ali e você diz que gostaria apenas de entregar uma amostra (mostra a receita) para análise. Ela te pergunta se você colheu três amostras em dias alternados e você aliviada diz que sim. Então ela digita um monte de dados no sistema e você se pergunta como alguém pode saber tanto assim de você por causa de três potinhos de cocô! Terminada a digitação, ela te pede para procurar o balcão de entrega de amostras no final do corredor.

Chegando lá, nada de privacidade: o balcão fica em frente a outra sala de espera. Todos te olham. Você entrega o seu embrulhinho para a terceira atendente. Ela acabou de receber na impressora os detalhes do seu exame. Que alívio! Ela não vai te perguntar do que se trata! Humpf, ledo engano. A mulher te olha e pergunta em tom que mais parece venda de xepa na feira: “Fulana-de-tal, é você? Veio entregar as fezes para exame, né? Fez em dias alternados?”, você acena que sim. “Dia sim, dia não, né?” e você explica que não, porque teve dia que não deu, e ela “Não deu?” e você explica que teve um ou outro dia que não saiu, e ela “Ah meu bem, então espera que eu vou confirmar se vai dar para analisar estas”.

A esta altura sua vergonha se transformou em pânico. Além de ter compartilhado com o laboratório inteiro a sua saga intestinal, você ainda corre o risco de ter que repetir a coleta do cocô!! Momentos de pura tensão! Para sua sorte, porém, alguém ficou com pena de você e resolveu aceitar cocôs alternados em mais de um dia. Tudo terminado, a mulher destaca um papel e te pede para voltar no dia seguinte para pegar o resultado. Você gentilmente pede para pegar o resultado pela internet e jura que o próximo exame fará em uma unidade que fica em outra cidade (de preferência na China – parece que chinês não liga para estas coisas).