Regritas de Acesso
- Não terás remorso
- Não ameaçarás (em público)
- Revelarás
- Ruminarás
- Regurgitarás
- E cuspirá no primeiro que passar
22.2.07
"Sendo demitido com dignidade..."
É sempre a mesma coisa, toda vez que um amigo liga para contar que foi demitido me sinto uma besta, quadrada. Aliás, esclareço que não existe besta quadrada, se não fosse assim haveria besta redonda. Na verdade, besta quadrada é uma maneira mais simples de se dizer “besta elevada ao quadrado”. Feito tal importante esclarecimento, volto à estória da demissão. Quem trabalha em São Paulo , em algum dos milhares de edifícios comerciais da Capital, naquelas baias cinzas ou beges deprimentes, sabe muito bem que quando o assunto é emprego, trabalho, somos todos substituíveis. O problema é que no dia a dia perdemos essa consciência e quando a o dia D chega, nunca estamos preparados. E essa falta de “rede de segurança” na hora da queda exige certas compensações mentais. Por essa razão, a “conversa da demissão”, quando essa existe, sempre deve conter algumas justificativas psicológicas para que o “demitido” não surte naquele momento. Se eu, por exemplo, fosse demitida pelo Roberto Justus no programa O Aprendiz, teria uma síncope ali mesmo, na frente dele, começaria a chorar compulsivamente, babaria, chamaria por minha mãe e só iria pra casa de camisa de força e com rivotril na veia. De qualquer forma, o demitido sempre ouve aquele discurso de que ele é um excelente profissional, que a empresa está numa fase de cortes, que ele é muito mais qualificado para função e que a empresa não tem onde encaixá-lo, etc... é sempre a mesma ladainha para amenizar o fato de que o cara é ruim mesmo, que o dinheiro que ele está ganhando poderia estar sendo gasto com gente melhor. Por isso, quando um amigo me liga dizendo que foi demitido mas que o ex-chefe garantiu que “as portas da empresa” estarão sempre abertas para ele, eu me mato de rir pensando: “Por que é então que a empresa tá fechando a porta agora?”, “Deixa aberta ué!”, “Abre isso!”, “Fecha outra hora!”. De qualquer forma, eu compreendo essas justificativas mentais, pessoais, pois ninguém gosta de ficar sem salário (friso, sem salário, não sem emprego) mas muitas vezes convém aceitar o fato de que tudo pode correr normalmente, ou até melhor, sem a nossa presença. E essa frase final não é dica de auto ajuda não, hein? Odeio Auto Ajuda. Quero botar fogo nas prateleiras de livros de Auto Ajuda nas livrarias. Tchau. Lady Madonna.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário